REVIEW:
MOLINETE MARINE SPORTS SS 6000. Por: Pedro Afonso.
Nos últimos anos, o mercado de molinetes vem
sendo inundado por produtos que seguem uma nova tendência, são os chamados
equipamentos “custo x beneficio”. Desde então surgiram muitas marcas com essa
proposta, e até as corporações já existentes, também estão se adequando a essa
nova realidade. Fabricando produtos feitos de materiais razoavelmente bons, por
um custo acessível, vem com a promessa de ser uma alternativa aos caríssimos “super-equipamentos”,
custando apenas uma fração do seu preço.
Uma dessas marcas é a
Marine Sports, uma empresa consagrada pelos seus produtos de custo acessível, e
que agora vem procurando aumentar a qualidade, porém sem fugir do valor
aquisitivo. Ela já vem fazendo isso com a sua linha de carretilhas de perfil
baixo e agora passou a fazer também com seus molinetes.
O equipamento em
questão é o molinete SS, desenvolvido para jigging e pincho e que incorpora
algumas tendências que vem sendo aplicadas nos melhores equipamentos projetados
na atualidade. A Marine Sports acompanhou a popularização da pesca vertical e
de pincho, e procurou trazer equipamentos adequados, sobre a ótica da economia
do orçamento. O tamanho abordado será o SS 6000, o maior disponível.
Seguem os dados do molinete:
Relação de recolhimento: 4.9:1
6 rolamentos de esferas + 1 rolamento
de roletes
Freio com regulagem ponto a ponto
Manivela com infinito anti-reverso
Sistema balanceado
Corpo em alumínio: 4000 / 6000
Rotor em alumínio*/4000 possui rotor em
grafite.
Carretel de alumínio
Manivela de alumínio com punho super-reforçado
Super freio:
4000: 3 arruelas de aço inox + 3
arruelas de carbono com teflon.
6000: 5 arruelas de aço inox + 5 arruelas
de carbono com teflon.
Tração máxima de frenagem:
4000: 10kG
6000: 15kg
Cap. de linha: mm-m:
4000: 0.40–190 / 0.50–120 6000:
0.50–200 / 0.60–14
E algumas fotos:
O que vem com ele: Impressão da visão explodida do molinete e saco plástico aonde o molinete vem armazenado.
O molinete possui belas linhas estéticas...
Uma visão em perspectiva. Realmente não é tão grande, mas também não é nada pequeno...
O fabricante não informa o peso, mas ele é de 705 gramas. O que é um bom peso. Isso o coloca em uma categoria intermediaria, entre os médios e pesados. O drag alegado é de 15 kg, o que é muito bom, mas ainda será aferido mais tarde em uma futura atualização para se testar a veracidade da informação. A saída linha não possui muita inércia e é de maneira continua e livre de solavancos. Um ponto muito favorável. Molinetes voltados para uma pescaria mais pesada, e que exige muito do sistema de fricção, como a vertical, devem possuir um sistema de frenagem que poderoso, porém que tenha saída suave e continua. O rolete gira livremente exposto a grandes pressões por parte da linha.
Olhando a máquina por fora:
O botão de regulagem da
fricção é relativamente bem construído e possui um anel de vedação (circulo amarelo).
Abrindo o sistema de fricção:
O drag possui um
interessante sistema de vedação:
O disco superior, que segura todo o conjunto, possui um rolamento central (seta vermelha) onde o carretel fica apoiado, sua função teoricamente é permitir a livre rotação do conjunto enquanto estiver se movimentando.
O disco também
possui uma retentor (seta azul), resultando em um duplo
sistema de vedação do sistema de fricção. Provavelmente o problema estaria no
rolamento blindado que não protege contra submersão, não tive a oportunidade de testara eficiência desse sistema de vedação mas o farei logo mais e atualizarei o artigo, porém achei um projeto
interessante pois também representa um cuidado maior com essa área tão vital. Ponto
positivo.
O conjunto de discos do
freio:
O conjunto possui 5 discos de aço
inox + 5 arruelas de carbono com teflon. Os discos vêm devidamente lubrificados o
que acarretaria em: menor taxa de desgaste, menor acumulo de temperatura e distribuição por igual. Obviamente aumenta a eficiência e durabilidade dos discos mas no caso desses acaba reduzindo a pressão máximo pois não apresentam porosidade similar aos discos de carbontex o que leva as anilhas deslizarem e liberarem a linha de forma mais inconsistente, isso se percebe nas configurações máximas de drag. Eles possuem grande tamanho distribuindo energia por uma área
maior, levando a uma maior pressão máxima e mais uma vez levando a maior
eficiência e durabilidade devido ao menor stress necessário para executar maiores pressões.
Uma olhada no eixo e no sistema que apoia o carretel:
O eixo é sólido, e de boa espessura. O sistema de apoio possui um rolamento (seta vermelha), onde a base do carretel se fixa e pode girar livremente, ele possui anilhas para retenção. Somado ao outro rolamento fixado no anel vedador do sistema de fricção, temos 2 rolamentos, o que acaba garantindo fluidez na saída de linha. O projeto também permite a troca dos calços que apoiam o carretel (seta amarela), isso garante facilidade e rapidez para regular a altura e a distribuição de linha do carretel. Ponto positivo.
A porca que prende o rotor ao pinhão apesar de ter uma anilha de fixação interessante, que serve para alinha-la, é subdimensionada, sendo muito fina. Também não possui nenhuma cobertura que proteja o espaço entre o eixo e pinhão, sendo do tipo aberta. E a falta do recurso do “eixo flutuante” garante uma alta taxa de atrito, quando expostas a grandes pressões, gerando maior desgaste e perda do conforto. A simples adição de uma bucha de material plástico de baixo coeficiente de atrito resolveria isso.
Outra visão desse prático sistema.
O rotor é feito em alumínio
e não possui jogo lateral, nem retrocesso. O rotor não foi desmontado, então em
uma futura atualização acrescentarei um comentário sobre o anti-reverso.
O rolete:
O rolete:
O projeto é simples e bem montado. Porém, não possui um rolamento interno e sim uma bucha de material plástico. Isso não é necessariamente um problema, mas nessa posição é obrigatório o uso de rolamentos, pois é a peça que possui a mais alta taxa de rotação em um molinete. Uma bucha possui desempenho inferior a um rolamento, se degastará muito mais rápido e necessitará de lubrificação constante para que se mantenha a livre rotação. Um tipo de rebaixamento desnecessário visando redução de custos.
Detalhe do encaixe. O sistema de
manivela rosqueada direto na coroa permite maior firmeza e poder de transmissão
de força, eliminando folgas e desgastes inerentes ao sistema sextavado. Um
ponto comum aos melhores molinetes disponíveis, e que vem sendo imitado com
sabedoria pelas marcas voltadas ao grande publico. Outro ponto positivo.
Partindo para dar uma olhada no coração
do molinete:
Os parafusos possuem um
retentor para melhor fixação e impedir entrada de água e corpos estranhos
(areia...etc.).
Diferente do sistema de fricção, o corpo não
possui nenhum tipo de vedação. Água e objetos estranhos podem adentrar no
“coração” do molinete. Um selo que circundasse todo o perímetro do corpo
deveria existir aqui. Porém tem que se levar em conta que este é um molinete
projetado para uso embarcado. Mesmo assim um ponto a menos.
Olhando a tampa lateral do corpo do
molinete, percebe-se um cuidado na lubrificação do rolamento lateral.
No mecanismo interno:
O mesmo se percebe no
conjunto de engrenagens. Esse tipo de cuidado no processo lubrificação onde se
utilizaram 3 tipos de graxa (branca, vermelha e amarela) é uma coisa atípica
para um equipamento nessa faixa de preço. Ponto superpositivo!!!!
Falando em engrenagens:
A coroa é feita em uma liga de zinco/alumínio que creio ser ZAMAC, algo pertencente a equipamentos nessa faixa de preço. Não é a mais
resistente, mas hoje é comum encontra-la em equipamentos de marcas famosas,
ditos como “top de linha”. Mais do mesmo. O pinhão é feito em uma liga de
latão/bronze, sendo assim mais durável do que a coroa. O ideal é que fossem
feitos do mesmo material aumentando a longevidade do conjunto de engrenagens.
O
sistema funciona de forma eficiente e “macia”, ou seja, o manivelar se dá sem
muita resistência.
O sistema de distribuição de linha é o velho e
confiável sistema de locomotiva, não é o mais moderno, nem eficiente, mas
devidamente lubrificado garante uma boa longevidade.
Conclusão:
O molinete possui excelentes pontos
positivos: Vedação extra do sistema de fricção, manivela rosqueada diretamente
na coroa e com boa pegada, bom sistema de drag potente e suave, lubrificação
superior e meticulosa, sistema de apoio do carretel que permite a instalação e
remoção dos calços que permitem o ajuste da distribuição de linha. Claro que se deve levar em consideração que
este é um molinete de baixo custo, tendo reduzidas capacidades (coroa de metal "cinza"...)
para se enquadrar nesta categoria. Porém para um produto que se encontra
atualmente por menos de R$ 250 (já vi coisas parecidas por mais de R$ 500 e
inferiores pelo seu mesmo valor), realmente vale a pena cogitar sua escolha,
caso se queira gastar o menos para ter o melhor em mãos. Esperamos que a Marine
Sports invista nesse produto, pois possui um grande potencial.
Fotos por: Wagner de
Vasconcelos.